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10 julho 2013

Conceitos básicos na INTERPRETAÇÃO de textos bíblicos


Na atualidade a mídia, especialmente a TV e o rádio, tem sido usada como um instrumento para espalhar a palavra de Deus, mas ao mesmo tempo tem provocado na mente de muitos cristãos a "lerdeza do pensar". Hoje existe o "evangelho solúvel", "evangelho do shopping center", "dos iluminados", etc. Mas pouco se estuda a fonte do evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo. O CTPV tem o objetivo de estimular e incentivar ao estudo das Sagradas Escrituras, isto é muito mais do que uma leitura diária e muitas vezes feita as pressas para cumprir um ritual.

Todo cristão - leigo - leitor da Bíblia arroga para si o direito de interpretar o texto bíblico com propriedade, sem contudo ter o conhecimento das técnicas que se aplicam ao que executa tal tarefa a de interpretador do texto sagrado.
 
Todo pregador do evangelho deve, por obrigação, dominar as técnicas básicas da exegese, sob pena de trair o real sentido do texto sagrado a ser explanado e de ser um disseminado de heresias, portanto se você ainda não domina a arte de interpretar e compreender os textos, deve então começar agora, pelo básico.

Definição de Exegese
Guiar para fora dos pensamentos que o escritor tinha quando escreveu um dado documento, literalmente significa "tirar de dentro para fora", interpretar.
Dicionário Teológico: Exegese: do Grego:ek + egnomai, = ek + egéomai, penso, interpreto, arranco para fora do texto. É a prática da hermenêutica sagrada que busca a real interpretação dos textos que formam o Antigo e o Novo Testamento. Vale-se, pois, do conhecimento das línguas originais (hebraico, aramaico e grego), da confrontação dos diversos textos bíblicos e das técnicas aplicadas na lingüística e na filosofia.

É a disciplina que aplica métodos e técnicas que ajudam na compreensão do texto. Do ponto de vista etimológico hermenêutica e exegese são sinônimos, mas hoje os especialistas costumam fazer a seguinte diferença:
  • Hermenêutica é a ciência das normas que permitem descobrir e explicar o verdadeiro sentido do texto. 
  •  Exegese é a arte de aplicar essas normas.

Características do intérprete [exegeta]
Objetividade – Não há duvidas que o estudante esteja influenciado por diversos fatores: a sua filosofia, questionamentos históricos, psicológicos, e religiosos que inevitavelmente conduz a sua interpretação. A objetividade esta no reconhecimento destas forças.

Espírito científico – Existem dois modos diferentes: pietista (basear as interpretações somente em experiências pessoais) e racionalista (basear as interpretações em aspectos restritos da razão) “O exegeta deve estar capacitado para aplicar a um estudo da Bíblia os mesmos critérios que regem a interpretação de qualquer composição literária. O fato de que tanto a Bíblia como na sua interpretação existam elementos especiais não exime o interprete de colocar a devida atenção a crítica textual, à análise lingüística, a consideração do fundo histórico e tudo quanto possa contribuir para esclarecer o significado do texto (arqueologia, filosofia, obras literárias contemporâneas, etc.”

É preciso capacidade espiritual – Estar aberto à ação da Palavra. Atitude de compromisso e espírito mediador, servindo de ponte entre o autor do texto e o leitor.

Regras Básicas
1° - denomina-se princípio da unidade escriturística. Sob a inspiração divina a Bíblia ensina apenas uma teologia. Não pode haver diferença doutrinária entre um livro e outro da Bíblia.

2° - A Bíblia é sua própria intérprete. Diz o princípio hermenêutico. Deixe a Bíblia interpretar a própria Bíblia. Este princípio vem da Reforma Protestante. O sentido mais claro e mais fácil de uma passagem explica outra com sentido mais difícil e mais obscuro. Este princípio é uma ilação do anterior.

3° - Jamais esquecer a Regra Áurea da Interpretação, chamada por Orígenes de Analogia da Fé. O texto deve ser interpretado através do conjunto das Escrituras e nunca através de textos isolados.

4° - Sempre ter em vista o contexto. Ler o que está antes e o que vem depois para concluir aquilo que o autor tinha em mente.

5° - Primeiro procura-se o sentido literal, a menos que as evidências demonstrem que este é figurado.

6° - Ler o texto em todas as traduções possíveis - antigas e modernas.
Muitas vezes uma destas traduções nos traz luz sobre o que o autor queria dizer.

7° - Apenas um sentido deve ser procurado em cada texto.

8° - O trabalho de interpretação é científico, por isso deve ser feito com isenção de ânimo e desprendido de qualquer preconceito. (o que poderíamos chamar de "achismos").

9° - Fazer algumas perguntas relacionadas com a passagem para chegar a conclusões circunstanciais. Por exemplo:

a) - Quem escreveu?
b) - Qual o tempo e o lugar em que escreveu?
c) - Por que escreveu?
d) - A quem se dirigia o escritor?
e) - O que o autor queria dizer?

10° - Feita a exegese, se o resultado obtido contrariar os princípios fundamentais da Bíblia, ele deve ser colocado de lado e o trabalho exegético recomeçado novamente. Interpretar de acordo com a analogia da Escritura.

O procedimento exegético
O procedimento errado : Ler o que muitos comentários dizem como sendo o significado da passagem e então aceitar a interpretação que mais agrade. Este procedimento é errado pelas seguintes razões:

a) encoraja o intérprete a procurar interpretação que favorece a sua preconcepção;

b) forma o hábito de simplesmente tentar lembrar-se das interpretações oferecidas. Isto para o iniciante, frequentemente resulta em confusão e ressentimento mental a respeito de toda a tarefa da exegese.

Isto não é exegese, é outra forma de decoreba e é muito desinteressante. O péssimo resultado e mais sério do "procedimento errado" na exegese é que próprio interprete não pensa por si mesmo. O interprete ou exegeta deve pensar, tirar as suas próprias conclusões, sem com tudo distorcer o sentido contextual do texto.

 Procedimento correto: 

a. O interprete deve perguntar primeiro o que o autor diz e depois o que significa a declaração;

b. Consultar os dicionários para encontrar o significado das palavras desconhecidas ou que não são familiares. É preciso tomar muito cuidado para não escolher o significado que convêm ao interprete apenas;

c. Depois de usar bons dicionários, uma ou mais gramáticas devem ser consultadas para entender a construção gramatical. No verbo, a voz, o modo e o tempo devem ser observados por causa da contribuição à ideia total. O mesmo cuidado deve ser tomado com as outras classes gramaticais;

d. Tendo as análises léxicas, morfológica e sintática sido feitas, é preciso partir para análises de contexto e história a fim de que se tenha uma boa compreensão do texto e de seu significado primeiro.

e. Com os passos anteriores bem dados, o interprete tem condições de extrair a teologia do texto, bem como sua aplicação as necessidade pessoais dele, em primeiro lugar, e às dos ouvintes. Que o texto tem com a minha vida? Com os grandes desafios atuais?

 

O uso de instrumentos
Comentários: eles não são um fim em si mesmo. O interprete deve manter em mente o clima teológico em que foram produzidos, porque isso afeta de maneira direta a interpretação das Escrituras. Um comentarista pode ser capaz, em certa media, de evitar "bias" [tendências] e permitir que o documento fale por si mesmo, mas sua ênfase nos vários pensamentos na passagem será afetada pela corrente de pensamento de seus dias. Os comentários principalmente os devocionais, tem a marca da desatualização. Prefira os comentários críticos e exegéticos.
Uso de dicionário e gramáticas: e importante manter em mente a data da publicação. Todas as traduções de uma palavra devem ser avaliadas e não apenas tirar só o significado que interessa a nossa interpretação. Explore o recurso dos próprios sinônimos.

Por exemplo: a palavra pobre é tradução de duas palavras gregas. [penef e ptohoi - transliterado por jotaeme] A primeira significa carente do supérfluo, que vive modestamente, com o necessário e a segunda, significa mendigo, desprovido de qualquer sustento. Na interpretação de Mateus 5.3 isto faz muita diferença!.
  • “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus...” Versão Almeida Corrigida
  • “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus...” Versão Almeida Revisada e Versão Católica
  • “Bem-aventurados [benditos, KJ] os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus...” Nova Versão Internacional e king James
  • “Bem-aventurados os humildes de coração, porque deles é o reino dos céus...” Versão Católica Revisada

Os princípios que são apresentados nesse estudo se colocados em prática da maneira correta podem cooperar bastante para o aprimoramento e desenvolvimento daquele que prega a palavra de Deus. A própria escritura sagrada advoga a favor dos homens e mulheres que anunciam o evangelho da verdade, pois, se proclamar as boas novas é uma dádiva, imagine se esta ação estiver associada às técnicas qualitativas que valorizam o sermão... Imagine os efeitos que esta oratória causará aos ouvintes, não somente por este conhecimento, mas, principalmente pela unção do Espírito Santo em cada palavra mencionada!

“Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas!” Rm 10.15

Pr. Josean Dantas
CTPV

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