José um dos filhos de Jacó
era o mais novo dos seus irmãos e numa cadeia hierárquica o menos favorecido,
pois, todos aqueles que excediam em idade sobre ele tinham maior nível de
poder. A tradição judaica sempre valorizou a figura do primogênito (primeiro
filho ou filho mais velho), porém, José tinha uma característica que o colocava
em posição privilegiada entre os seus irmãos e chamava a atenção dos seus
familiares: a capacidade de interpretar sonhos. Não somente isto, como era o
mais novo, nascido num tempo em que Jacó já estava bem velho e respeitava muito
a pessoa de seu pai, sempre lhe informando sobre as atitudes dos seus irmãos era
visto como um filho obediente pelo velho Jacó. Não demorou muito para as suas
virtudes serem percebidas a ponto de seu pai lhe presentear como uma túnica
multicolorida o que chamava a atenção de todos e dava a ele certa posição de
destaque.
Todos
estes valores não causavam apenas alegria... Os irmãos de José não
interpretavam dessa forma, achavam José um fraco em todos os níveis e não
aceitavam que os parentes vissem nele algum valor. Por isto, movidos pela
inveja, tentaram várias vezes contra a vida dele, pois, o sonho revelado por
José em que os feixes de trigo, o sol, a lua e as estrelas se dobravam perante
ele, foi interpretado como uma blasfêmia, causando revolta, principalmente
entre os irmãos que não aceitavam se curvar perante ele.
A partir desse dia muitas
foram as investidas dos irmãos de José contra ele. Numa dessas tentativas o
lançaram num poço que estava seco e durante horas pensaram numa forma de contar
sobre o pseudo desaparecimento de José ao seu pai, quando uma tropa de
midianitas se aproximava deles, decidiram tirar José do poço e o venderam como
escravo aos comerciantes que o levaram ao Egito. Eles rasgaram as túnicas de
José, mataram um cabrito e encharcaram-nas com sangue voltaram para casa,
apresentando as roupas marcadas pelo sangue a família e afirmaram que José
tinha sido devorado por um animal feroz. Jacó entra em desespero, a depressão
invade a sua alma e durante longos dias, ele desejou a morte.
José é vendido a Putifar,
capitão da guarda do Rei do Egito. Após este episódio, se tornou mordomo do seu
senhor, foi lançado na prisão sob acusação de estuprador, continuou revelando
sonhos e suas revelações o levaram a presença do Rei que se encantou pelas
sábias e acertadas interpretações que o conduziram ao cargo de governador do
Egito, fazendo o reino prosperar muito.
Em
um desses tempos de escassez e fome a família de José se apresenta a governador
do Egito, para lhe pedir ajuda e quando ele lhes aparece todos o reverenciam se
curvando diante de José. Gênesis 37 ao 47
O
que aprendemos com esta história?
- Em momento algum
podemos subestimar (desvalorizar, menosprezar) as pessoas, mesmo que elas
não aparentem nenhum tipo de talento;
- Em momento algum
devemos achar que detemos o conhecimento ou o poder absoluto, baseados
apenas na nossa experiência;
- Em momento algum
devemos achar que somos insubstituíveis. De fato somos únicos, foi Deus
quem nos criou assim. Todavia não somos os únicos dotados de Inteligência,
sabedoria e talentos.
Tive oportunidade de
trabalhar em grandes empresas a maioria delas multinacionais. E uma das coisas
que me chamava à atenção era a importância que era dada as ações do
concorrente, principalmente aqueles que eram considerados pequenos que não
representavam nem 2% do mercado. Numa dessas reuniões que participei, ouvi um
dos vendedores afirmarem: para que gastar tanto dinheiro para produzir um novo
produto que rivalize contra esse outro produto da concorrente que não
representa nem 3% do mercado? O gerente regional respirou fundo e disse: meu
caro há vinte e cinco anos eu estava na concorrente e hoje o nosso produto que
é líder de mercado, naquele tempo só representava 2,5%, por isto acho melhor
você não subestimar os que parecem fracos...
Aprendi muito com aquele gerente regional.
Principalmente a respeitar as potencialidades das pessoas ao invés de
criticá-las ou dificultar a sua caminhada.
Todos nós somos dotados de
valores, virtudes, talentos e dons o que denomino como o nosso verdadeiro eu.
Quando descobrimos esses valores e decidimos viver a altura deles, pode ser que
sejamos incompreendidos, assim como José, mais as pessoas sinceras e
verdadeiras mesmo que enfrentem muitas adversidades por algum tempo sempre
terminam como vencedores. Há quem afirme que o sucesso de uma pessoa não é
medido quando ela começa uma missão e sim quando ela termina.
Pr. Josean Dantas